sábado, 12 de abril de 2008

As aulas de um cretino fundamental

Nelson Rodrigues, o melhor escritor em português brasileiro do século XX, cunhou a expressão do cretino fundamental. Para o autor de Bonitinha, mas ordinária, o cretino fundamental era o cidadão (ou pária social) que defendia com vigor e sofreguidão uma idéia estapafúrdia, demencial, cretina, enfim. Nelson, cuja obra agora é relançada pela Agir (braço da Ediouro), morreu em 1980, tachado como conservador. Suas idéias, no entanto, ainda permanecem. Isso porque ainda subsistem os cretinos fundamentais.

Para ser mais direto, como pede o espaço, vemos no YouTube a figura de um cretino fundamental. Trata-se de um contínuo de si mesmo, o professor Carlão, que, segundo informa o blog de Reinaldo Azevedo, faz de suas aulas no colégio Anglo da cidade de Tatuí palco para proselitismo e, ao som da música de Ivete Sangalo, sai dançando vestido com turbante e mascara de filme de terror adolescente. Ou seja, o professor faz graça da tragédia do 11 de setembro, é aplaudido, e os alunos, por sua vez, saem repetindo o que aprenderam da "aula-show".

Depois disso, é facil entender o desnível intelectual dos estudantes no Brasil: se não bastasse a mistura nefanda entre educação e entretenimento, ainda há a contribuição sem sentido de alguns professores em sala de aula. É a formação em escala de cretinos fundamentais.