sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma pintura às sextas.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Telejornalismo 2.0


Tem gente aos borbotões que fazendo crítica de mídia. Eu mesmo, bem à minha maneira, já escrevi um ou outro texto a esse respeito, polemizando acerca deste ou daquele veículo; espezinhando esta ou aquela cobertura; rechaçando este ou aquele programa. Posso dizer que isso não tem tanta repercussão se comparado a tratar de celebridades. Acredito, a propósito, que as próprias empresas jornalísticas pensam assim. Em vez da crítica de mídia, o negócio tem sido abrir espaço para um jornalismo que se aproxima do show, do espetáculo, do apelo da emoção em vez da razão.

Na televisão, esse tipo de show tem tido bom retorno em programas como "Profissão: Repórter", comandado pelo repórter Caco Barcellos, e, mais recentemente, por seu duplo, na TV Bandeirantes, "A Liga", sob a batuta do entretainer Rafinha Bastos. Tanto Bastos quanto Barcellos são homens de televisão. Conhecem e dominam o timing de TV, com carisma necessário para conduzir as histórias que são apresentadas. Ademais, ambas as atrações lidam com temas densos, buscando desconstruir as versões facilmente empurradas pelo padrão noticioso dos telejornalísticos; assim, ultrapassam a fronteira dos 2/3 minutos de reportagem. Outro ponto interessante: "A Liga" e "Profissão: Repórter" renovam a audiência das emissoras que os abrigam, posto que possuem um formato arrojado, com edição frenética e muito daquilo que ficou conhecido como "Jornalismo Gonzo". Na verdade, é aqui que está o que poderia ser classificado como maldição do jornalismo gonzo.

É preciso resgatar um pouco desse subgênero jornalístico. O pai da criança é Hunter Thompson, um jornalista que pertenceu à geração beat nos EUA e que, para tornar suas histórias mais fortes, não só presenciava o evento em questão como também participava da história, opinando em seus textos, algo que, até então, parecia estar impedido. Sim, o autor cruzou a linha e extravasou o "jornalismo literário". Thompson  foi tão longe que, até hoje, muitos se questionam se se pode realmente chamar o o gonzo style de jornalismo. A importância dessa dúvida se dá exatamente no caso de "Profissão: Repórter" e de "A Liga", uma vez que não sabemos até onde vai o jornalismo e até onde vai o reality show.

O reality show está na gramática dessas atrações. Tome-se como exemplo as atrações desta semana, quando o programa de Caco Barcellos tratou de garotos de programa, enquanto a trupe de Rafinha Bastos investigava a vida dos modelos. Note-se que existe um esforço, desde a sua apresentação, em transformar tais programas em algo, digamos, de conteúdo jornalístico. O mercado de TV sabe muito bem que jornalismo, per se, não dá altos índices de audiência (a não ser as exceções de sempre), mas, curiosamente, emprestam certa estima à programação, sobretudo ser for reportagem. Poucos são os que de fato produzem reportagem, até porque se trata de um tipo de conteúdo que demanda bastante dedicação, ênfase, disciplina. Além disso tudo, exige investimento que demora a dar retorno. Algo que os garotos céleres da geração Y não estão a fim de esperar. A ordem do jogo é a resposta imediata, em números, cliques e, sobretudo, cifras.

Mas estou me desviando da argumentação central. Os programas como os citados, com efeito, tomam emprestado não apenas a estima, mas a nomenclatura da reportagem. Todavia, a gramática dos programas pertence à ideia de espetáculo. É o espetáculo da notícia, uma vez que, já na seleção, aborda temas sensíveis; é espetáculo porque flerta com o grotesco, utilizando a justificativa de que a edição tornaria o programa artificial; é espetáculo porque, ainda no quesito edição, forja o verdadeiro a partir das imagens. Nesse ponto, por mais que tente ser um programa sem roteiro, cuja história é narrada de forma não-linear, a montagem tem um papel elementar na construção desses discursos.

A despeito disso, observa-se que esta é uma tendência irrevogável à noção de jornalismo atualmente. Embora os números, no Brasil, ainda sejam absolutamente favoráveis às emissoras de TV, existe a percepção de que esse império não durará para sempre. Talvez por alguns anos, enquanto a classe média ainda estiver alimentando seu sonho de ascensão social enquanto frequenta escolas e ganha preparo e acesso para acessar à internet. Nesse processo, a TV passará por adaptações, e o jornalismo que nela é veiculado será a ponta de lança desse processo. Assim, o jornalismo se transformará em entretenimento, unindo, portanto, esses dois conceitos por uma questão de sobrevivência do primeiro em favor da estima do segundo.

domingo, 25 de julho de 2010

A tragédia e a farsa, ou: o complexo de vira-lata rides again


Karl Marx escreveu que a história se repete ora como tragédia, ora como farsa. Há oito anos, quando Rubinho Barrichello deixou Schummacher tomar à sua frente não foram poucos os que acusaram o piloto brasileiro de fraqueza; falta de galhardia; carência de altivez. Em síntese: chamaram-no de banana.

Hoje foi a vez da farsa. Fernando Alonso, piloto da Ferrari, ultrapassou Felipe Massa, também da Ferrari, numa cena no mínimo absurda. E eis a lição final: não sabemos até hoje como reagir quando somos desonrados pelos ex-colonizadores. São anos e anos de submissão e não é porque o crescimento do PIB nacional superou as expectativas; ou porque o Brasil é a bola da vez; ou, ainda, porque sediaremos a Copa do Mundo e as Olimpíadas que deixaremos de ser tíbios perante o estrangeiro.

É claro que se trata de uma provocação. Em tantas outras situações, inclusive na questão do papel internacional do país, melhoramos nossa auto-estima. Mas não adianta. A sina parece ser a do vira-lata.

Jokerman


Barack Hussein Obama é, talvez, a maior prova de que a mistificação e a paranóia caminham juntas no imaginário coletivo das massas. Eleito há cerca de um ano e meio como presidente dos Estados Unidos, o primeiro negro a ocupar o cargo, sua assunção ao poder da maior potência econômica, militar, política e cultural do planeta provocou expectativas, à esquerda e à direita, a propósito do que efetivamente poderia fazer na Casa Branca.

Noves fora as piadas de costume, Obama chegou ao poder, como diria aquele outro, tomando providências. Mandou, de pronto, fechar Guantánamo; disse que tiraria as tropas do Iraque até 2011; elegeu o Afeganistão como o espaço vital a ser combatido; e anunciou que faria a reforma de saúde nos EUA como ação prioritária; sem mencionar a mudança no sistema financeiro norte-americano.

Diante de tantas expectativas desse período de mandato, Barack Obama conquistou o prêmio Nobel da Paz – por algo que não necessariamente fez. E, para além disso, logrou êxito na reforma do Sistema de Saúde dos EUA. Ao que parece, no entanto, tais conquistas não aplacaram a sede de sangue da oposição – que, diferentemente do Brasil, age para valer. Obama, que outrora gozava de altíssima popularidade, enfrenta o verdadeiro plebiscito de seu mandato nas chamadas midterm elections, que acontecem no segundo semestre de 2010.

O interessante, em todo esse processo, é que as pessoas que outrora o apoiavam com tanto fervor agora parecem meio distantes disso tudo, como se a mobilização política fosse algo da moda, talvez embalados pela onda do momento --- as redes sociais, como twitter e facebook ---- em uma eleição majoritária. Se, no passado, a internet era o lugar seguro para Obama, agora trata-se de um território hostil, sobretudo com a notícia de que o presidente da geração Y atacou a web como fonte de informação. Se fosse aqui, seria apenas um comportamento natural de um político. Por lá, soou como vilania de um jokerman.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Jornalismo verdade?

No livro "Crítica e Verdade", o pensador francês Roland Barthes ensaia uma reflexão acerca da estrutura do faits divers. Segundo Barthes, um dos expoentes da semiótica e da crítica literária, a noção de cobertura séria para a cobertura de um crime, por exemplo, tem a ver com as personagens envolvidas. Se o morto, por exemplo, for um político, logo trata-se de um caso a ser tratado com certa envergadura e seriedade. De outro modo, se se trata de um crime com personagens desconhecidos, do cotidiano, logo tem-se o faits divers. Em certa medida, podemos interpretar o caso Bruno e a cobertura que a mídia tem feito a respeito a partir dessa perspectiva.

Da revista Veja à Folha de S.Paulo, passando pelo Estadão, IstoÉ e Época, a mídia tem se refestelado com as denúncias, com as declarações estridentes dos envolvidos, com a inépcia dos comentaristas e analistas e, evidentemente, com a comoção da opinião pública. De tudo isso, o que mais chama a atenção no caso é o fato de que a imprensa parece cometer os mesmos erros de casos semelhantes. Em outras palavras, e pela ordem: acusa antes de ter a certeza de que o sujeito é culpado; faz análises absolutamente descabidas; e alimenta o circo do desespero aludindo aos instintos mais do que primitivos dos leitores, telespectadores e internautas.

Diante desse cenário, o que fazer? Ora, não há muitas opções, a não ser observar atentamente na maneira como a imprensa vai tentar construir uma verdade em cima do caso. Nesse aspecto, existe a tendência por parte dos veículos de elaborar uma narrativa, uma história com potencial de ser interpretada, digerida e abraçada pelo telespectador/leitor/ouvinte. Tal construção se fundamenta no desejo de o público estar mais informado. Como boa parte desse público é incapaz de pensar com a própria cabeça, cumpre aos veículos vender uma verdade, ainda que seja nada mais do que uma versão. Observem, nesse ponto, que os jornais abusam dos infográficos, dos textos didáticos e da utilização de apelo emocional, ora apresentando o sofrimento da família, ora demonizando o goleiro e seus asseclas. Tudo isso antes de o julgamento acontecer.

Se efetivamente for condenado, a versão terá encontrado um final feliz à história perpetrada pela mídia. Do contrário, a tendência é o jornais mudarem o foco da cobertura, numa jogada que vai se assemelhar ao caso Paola Oliveira. Mas quem se lembrará desse deslize da imprensa?










 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um índio



Na voz de Caetano Veloso, "um índio descerá de uma estrela colorida brilhante (...) e as coisas que ele dirá, fará não dizer assim de um modo explícito". Para o bem ou para o mal, esse não foi o caso de Índio da Costa, apontado como vice da chapa de José Serra na corrida presidencial deste ano.

Qual foi o problema? Ele mandou brasa contra o PT, fazendo acusações brabas contra o partido da Dilma. Pelo que se nota na repercussão da mídia, ele não foi pautado a respeito. Pelo contrário. Agora, os adversários querem sangue e Marina Silva, olimpicamente, alfineta acusando a baixaria da campanha.

Algo me diz que, para além das palavras fortes (para dizer o mínimo), o que existe é certa impaciência da oposição em tomar a dianteira. Como isso não tem acontecido tão facilmente, resta para o PSDB disparar petardos e navalhadas contra o PT. Ocorre que tal estratagema tampouco tem gerado resultado. E os tucanos correm o risco de ficarem como uma espécie de Felipe Melo em jogo contra a Holanda; ou, ainda, como um macaco armado em dia de fúria.

domingo, 18 de julho de 2010

O retorno

Como diria a Dilmaduchefe em mensagem: "Olá, internautas".

Sim, faz muito tempo. De 2008 para cá, muita coisa mudou, e eu, meio que sem querer, abandonei este blog, lido por uns poucos desavisados. Por que voltar? Ora, porque, afinal de contas, escrever é isso aí: ter umas ideias poucas e coloca-las aqui não custa nada. Pelo contrário, tenho notado. Muita gente tem é faturado com isso. O que eu quero? Se me pagarem para escrever, não vou achar ruim. Mas, por ora, quero é me libertar. Escrever é uma forma de buscar essa liberdade.

Dito isso, tenho de dizer que estou, por ora, sozinho nessa empreitada. Não consultei minha colega de blog sobre essa volta, então, pode ser que, daqui por diante, o que era uma dupla seja uma coisa só. A conferir.

Ademais, 2010 tem tudo para ser um ano daqueles na chamada blogosfera. De minha parte, as eleições serão alvo de algumas pensatas por aqui (gee, eu posso ser arrogante, às vezes). E pretendo, quando possível, colocar aqui novidades para garantir mais interação --- vídeos, tweets, fotos. O Injúrias terá mais recursos, portanto.

É isso, por enquanto. Espero que eu não desista desse retorno.