quinta-feira, 1 de maio de 2008

Museu da Língua Portuguesa

Tendo ficado alguns dias sem escrever para este blog, os assuntos abundam. Escolha o tema, caro leitor: política (a aprovação recorde de Lula no segundo mandato); economia (a reclassificação do Brasil como país confiável, de acordo com as agências internacionais); cultura (para além do rescaldo da Virada Cultural, há Cannes, que começa já, já, com dois filmes nacionais com grande destaque internacional, Linha de Passe, de Walter Salles; e Blindness, de Fernando Meirelles); esporte (X Games, vitória das equipes brasileiras na Libertadores); celebridades.... não, não vou escrever sobre aquele caso. Que os leitores se refestelem em outra vizihança. Como diria o outro: aqui não, violão!.

O tema que motiva mais um texto neste blog é o Museu da Língua Portuguesa, o qual tive a oportunidade de visitar neste feriado de Dia do Trabalho. Chegando lá, logo vi que o local recebe um público bastante variado, fazendo valer, desde a entrada, sua proposta de fazer com que as pessoas tenham contato com o idioma, a língua portuguesa, tão maltratada na internet e alhures --- ainda que conte com o respaldo de delinquentes que insistem em dizer que o importante é a representação, a significação e, pasmem, a funcionalidade do idioma. Se é que é possível travar a disputa nesses termos: pelo ensino e pela popularização da língua portuguesa, há uma espécie de embate entre Pasquale Cipro Neto e Marcos Bagno.

É essa proposta delinquente, aliás, que macula o bom princípio do Museu da Língua Portuguesa: como? Simples, caro e interessado leitor: no momento da apresentação multimídia sobre o idioma, cujo ponto alto é a figuração, aqui e acolá, de grandes nomes da cultura e literatura brasileira, outros nomes, bem menos importantes e interessantes, estão lá, lado a lado, dando a falsa impressão de que, sim, todos são importantes, porque o mais válido, nesse casos, não é a versão unilateral, elitista, do idioma, mas, sim, de uma língua portuguesa de todos para todos. Desse modo, a certa altura, ouvimos os poemas de Fernando Pessoa, Manoel Bandeira; a prosa rica na assertiva de Nelson Rodrigues, bem como na descrição pedregosa de Euclydes da Cunha; para, depois, ouvirmos um poema interpretado por um rapper (me recuso a transcrever seu nome aqui) e, o que me causou mais enjôo, o repente de Caju e Castanha. Essa combinação, obviamente, não poderia terminar bem, mas é essa mistura que o Museu da Língua Portuguesa na doença do inclusionismo quer fazer figurar.